Rodrygo exclusivo: "Ancelotti na seleção seria muito bom porque é um ótimo técnico"

Rodrygo, Al Hilal v Real Madrid, Mundial de Clubes 2022
Getty Images
Em entrevista à GOAL, o jovem do Real Madrid abre o jogo sobre o seu atual momento

Rodrygo está em sua quarta temporada no Real Madrid e vem provando, cada vez mais, ser um jogador dos mais importantes no clube. O ex-santista mostrou isso especialmente nas atuações da última temporada, que ajudaram os merengues a conquistarem a Champions League, e também no mais recente título de Mundial de Clubes.

Em entrevista para a GOAL, o jovem atacante falou sobre diversos assuntos: o seu momento atual no clube, os sonhos que ainda quer realizar, Copa do Mundo de 2022 e o que acharia se Carlo Ancelotti, seu atual comandante no Real Madrid, acabar ficando com o cargo de técnico da seleção brasileira. Confira abaixo!

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Rodrygo, campeão mundial pelo Real Madrid... é bom ouvir isso, não é?

“Sim, com certeza. É muito bom. Estou muito feliz por mais um título, era um título que eu queria muito e estou muito feliz por isso”.

Tenho a sensação de que o Mundial de Clubes é mais valorizado na América do Sul, por ver você, Fede e Vini nas redes sociais... é diferente mesmo?

“Acho que quando estamos lá dentro, é a competição mais importante, a que todos querem jogar e a que todos querem ganhar. Você não sente isso tanto aqui, mas é muito importante. Nós levamos o jogo muito a sério, jogamos muito bem, nos doamos por inteiro no jogo porque também não queríamos perder. Afinal de contas, para comemorar, acho que comemoramos tanto quanto se estivéssemos nas Américas”.

Creio que este seja o seu quarto título em sete anos de Real Madrid. Se te dissessem, antes de você chegar, que conquistaria sete títulos em quatro anos, você acreditaria?

“Eu acho que não teria acreditado. Estou bem, estou bem, mas quero ganhar muito mais”.

Qual foi a primeira coisa que você pensou quando, em 2018, soube que o Real Madrid queria a sua contratação?

“Quando o meu pai me deu a notícia... eu sempre conto essa história. Eu tinha duas camisas, uma do Barça e uma do Real Madrid, e tinha que escolher. Foi uma escolha muito fácil para mim, mas estava tudo certo com o Barcelona, foi uma surpresa para mim. Eu não esperava que o Real Madrid viesse. Foi um susto, mas um dos momentos mais felizes da minha vida”.

O único título que você ainda não ganhou no Real foi a Copa do Rei, e neste ano tem a semifinal contra o Barcelona. Isso dá uma motivação extra?

“Talvez, mas como é um título que não ganhamos nos últimos anos, independentemente se é contra o Barça ou qualquer outro time, estaremos muito motivados e sempre buscando a vitória. É claro que um Clássico é sempre muito especial, é sempre muito difícil enfrentar o Barça, mas ainda vamos pensar nisso. Antes nós temos muitos jogos e vamos tentar vencer todos eles”.

O Barcelona está com uma vantagem grande no Campeonato Espanhol. Dá para alcançá-los na briga pelo título em La Liga?

“Sempre é possível, temos que acreditar até o fim. Acho que, na minha primeira temporada, nós também estávamos muitos pontos atrás do Atlético e conseguimos nos recuperar. É muito difícil, mas vamos tentar essa recuperação e vencer todos os jogos que temos. E aí vamos ver o que acontece”.

Você prefere jogar centralizado no ataque do Real Madrid, atrás de Benzema, como no primeiro turno contra o Elche?

“Naquele, com o 4-2-3-1 e ali atrás do Karim (Benzema) é a minha posição favorita e todos sabem disso. Eu sempre falo disso com o técnico. É claro que eu posso jogar em todas as posições (de ataque), mas é onde eu me sinto mais confortável quando temos que jogar. Contra o Elche eu fiz um jogo muito bom por ali. Comecei pela direita, mas durante o jogo estava sempre movendo para o centro e, bom, sempre que estou ali posso ajudar mais o time”.

Você talvez esteja fazendo sua melhor temporada pelo Real Madrid, desde sua chegada, mas nem sempre é titular. Como você vê isso e o que acha que pode fazer para virar um titular absoluto?

“Não tem muito o que fazer, apenas seguir fazendo as coisas boas que estou fazendo, seguir trabalhando a cada dia, seguir evoluindo... Eu vejo que estou ficando melhor a cada ano, a cada temporada eu estou evoluindo. Agora, é com o treinador. Ele que decide, mas, claro, nós temos jogadores muito bons e eu tenho que respeitar isso também, mas não vejo muita coisa que posso fazer de diferente. Quero seguir fazendo bem as coisas e, quando for minha vez de jogar, quero estar ali e performar bem”.

Muito tem se falado sobre a possibilidade de o Ancelotti ser o técnico da seleção brasileira. Como você vê essa possibilidade, e o fato de o Brasil poder ter um treinador estrangeiro?

“Eu tenho uma relação muito boa com o Ancelotti, ele sempre me ajuda muito, passa muitas instruções para mim. Eu tenho visto que estão falando disso, mas aí eles negaram estas notícias. Eu não sei o que está acontecendo, eu não falo sobre este assunto com ele, mas se ele for o treinador da seleção eu ficaria muito feliz também. Mas eu não sei, nunca tivemos um treinador estrangeiro, seria uma coisa nova. Seria muito bom, porque ele é um treinador muito bom, mas eu não sei falar deste assunto, não sei o que vai acontecer”.

Muitos consideram você como um jogador que terá uma carreira longa na seleção brasileira, se transformando em um líder da equipe no futuro. Você se enxerga assim também?

“Sim, com certeza, é como eu me vejo. É natural, não é? Faço parte deste ciclo e aí as coisas vão mudar, e continuando na seleção brasileira é natural ser um líder ali e passar a experiência para os outros”.

Um dos líderes do time também é o Casemiro. Ele faz mais falta aí no Real Madrid fora de campo, no vestiário, ou dentro de campo?

“Em tudo, em tudo. Nós sentimos muito a falta dele, porque ele sempre nos ajudava muito, tanto em campo quanto fora dele. Como somos jovens, precisamos de muitas coisas e ele, como ele estava conosco fazia muito tempo, assim como o Marcelo, eles sempre nos ajudavam e sentimos muito a falta deles”.

Os últimos meses lhe deram muitos momentos bonitos e marcantes, mas também uma experiência difícil com a eliminação da Copa do Mundo. O que você lembra da eliminação para a Croácia?

“Eu tento não lembrar, mas é impossível. É um pouco triste, porque eu vinha fazendo uma ótima Copa do Mundo, jogando muito bem em cada jogo e aí um pênalti mudou um pouco isso. Mas, é claro, é preciso seguir em frente, você não pode ficar pensando nisso e precisa seguir fazendo bem as coisas, treinar mais os pênaltis, porque sei que daqui a pouco voltarei a bater pênaltis, já que é uma coisa que faço bem e sei que vão precisar de mim. Então, preciso estar pronto”.

No Real Madrid, os últimos dois pênaltis foram desperdiçados. Se te falassem para bater o próximo... sem problemas?

“Sim, estou sempre aí para assumir responsabilidade. Assim como na Copa do Mundo. Quando perguntaram quem queria bater, eu estava lá e sempre estarei. Eu nunca vou me encolher perante as minhas responsabilidades”.

Você parece ter uma relação especial com a Champions League, parece sempre encontrar a sua melhor versão. O que acontece com você quando você joga esta competição?

“Sim, sim, sempre foi uma competição especial para mim. Antes mesmo de eu jogar nela, e desde que eu comecei a jogar venho jogando todas as partidas, tenho sido importante para o meu time, já ganhei uma Champions League... É uma competição especial e espero continuar indo bem, espero fazer uma boa partida contra o Liverpool, avançar no mata-mata e, quem sabe, ganhar uma outra Champions League seria algo bem legal”.

Como você vê estes jogos contra o Liverpool? Vocês se enfrentaram recentemente, não apenas na última final, mas nas quartas faz alguns anos. Mas era o ano da pandemia e os estádios não tinham torcida, e imagino que não seja a mesma coisa jogar em um estádio vazio do que em um Anfield lotado.

“Claro, claro. Vai ser um jogo muito difícil, sabemos disso. É sempre difícil jogar contra o Liverpool com ou sem torcida, mas ainda mais com torcida. Estamos prontos, já estamos nos preparando e espero fazer um ótimo jogo”.

O gol que você fez contra o Chelsea, aquele com passe do Modric, representa um antes-e-depois na sua carreira? Desde então você parece estar mais confiante, marcando mais gols, sendo mais decisivos em grandes viradas...

“Sim, concordo totalmente. Acho que foi o gol mais importante para mim porque eu estava fazendo jogos muito bons, mas estava perdendo gols. E aí eu marquei este e as coisas mudaram, eu passei a fazer muito mais gols, a ser muito mais decisivo para o meu time e estava faltando isso. Eu sempre falo disso com todos aqui. ‘Depois que eu marcar o meu primeiro gol, não vou mais parar’. E foi isso o que aconteceu e que está acontecendo, e eu espero marcar mais gols importantes”.

Do que você lembra daquele jogo contra o Manchester City, com aqueles dois gols históricos que sacramentaram a virada naquele jogo de Champions? Acho que é um jogo que você nunca vai se esquecer.

“Nunca, nunca. Eu lembro que estávamos mortos, ninguém acreditava. Os nossos torcedores também não acreditavam até o nosso primeiro gol, por que nós estávamos tentando em campo, mas sem acreditar muito, mas depois daquele primeiro gol nós começamos a acreditar. A torcida veio junto e aí, quando eram seis minutos de acréscimos, sabíamos que iríamos conseguir a virada e fui muito feliz em marcar duas vezes naquela noite”.

Eu não sei o que acontece no Bernabéu, que quando vocês começam a sonhar com uma virada tanto os jogadores do Madrid quanto os adversários parecem sentir que a vitória do Madrid é certa...

“Sim, é algo que eles já sabem. O City jogou muito com a bola e aí eles pararam de jogar, pararam de jogar como estavam jogando e parecia que já sabiam o que iria acontecer, já que havia acontecido com o PSG, e ai Chelsea e depois com o City”.

Vamos imaginar o Rodrygo em uma casa, como se fosse em um reality show, com representantes do Chelsea, Liverpool, Juve, Bayern e Barça... o Rodrygo ficaria tentado ou seguiria leal ao Real Madrid?

“Eu seguiria leal ao Real Madrid”.

O que você mais gosta de fazer no seu tempo livre?

“O que eu mais faço é jogar poker. Se eu sou bom? Sim, sim, jogo sempre com meus amigos. Nós temos uma mesa e eu sempre jogo com eles. O Neymar? Ele também é bom.

Com o que o Rodrygo, um supercampeão pelo Real Madrid, sonha quando vai para a cama?

“Sonho em ganhar tudo de novo, em conquistar os títulos que ainda não tenho e em tudo o que eu já ganhei, para fazer isso várias vezes. Acho que é no que eu penso, por isso continuo jogando”.

Quem será o próximo jogador do Real Madrid a ganhar a Bola de Ouro?

“Karim, de novo, e depois o Rodrygo (risadas)”.

O que você poderia nos falar sobre toda esta situação que tem acontecido com o Vinícius Júnior, em relação aos ataques que ele vem sofrendo?

“Vinícius é muito calmo, está sempre sorrindo, como vocês podem ver. Em relação a este tema, é algo que nos incomoda, não apenas ao Vinícius, mas a todos ali dentro. Mas sentimos que não temos mais nada a fazer, não temos mais forças. Nós sempre falamos disso e as coisas não mudam. Eu, particularmente, não sei mais o que fazer em relação a isso. Estou tentando não falar sobre e ver o que os outros falam e nada muda. Eu não vou falar sobre isso”.

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