Os mil jogos de Messi: quando o próximo é sempre o mais importante
Há algo muito especial cada vez que Messi pega a bola na Copa do Mundo do Qatar 2022. As pessoas levantam de suas cadeiras. Olhos ficam bem abertos. O coração bate um pouco mais rápido. O murmúrio se transforma em um grito. É porque o argentino é um jogador muito especial, sim. É também porque ele deve ser um dos mais queridos da história do futebol. Mas tudo se intensifica com a ideia de "última dança". Se esta é a última Copa do Mundo do camisa 10 argentino, então ela deve ser desfrutada.
E Messi aproveita à sua própria maneira. Ele tem um desejo forte. Fica irritado quando comete um erro, ou quando um colega de equipe não entende o que ele quer, ele fica cansado, muito cansado. Você vê um jogador que está inspirado, mas que está competindo contra seu próprio corpo, o que não lhe permite mais dar o seu melhor. Ele se habituou a passar despercebido em vários momentos do jogo. Ele fica de um lado, esperando alguns segundos para que os adversários o esqueçam, e então recupera a bola sem tanta marcação Ele toca como um 9, um 10 e um 5.
Contra a Austrália, Messi chega a 1000 jogos como jogador profissional de futebol. Nas oitavas de final de uma Copa do Mundo com a camisa que ele mais ama, aquela que ele mais amava. E, embora o número de partidas seja grande e coloque o argentino em uma lista seleta, significa pouco para sua cabeça. Para sua mentalidade avassaladora.
Para Messi, a próxima partida é sempre a mais importante. Foi isso que o fez tão grande, é isso que o coloca no panteão dos melhores. Um não-conformista e não acostumado a perder, ele costumava ficar incomodado por alguns dias toda vez que saía derrotado de um jogo. O tempo e a família o ajudaram a se equilibrar um pouco mais. Mas, na Argentina, na Copa do Mundo, tudo é vivido mais intensamente. Leo está com um desconforto físico, mas o que mais o atingiu foi a derrota contra a Arábia, da qual sua equipe se recuperou, em parte, graças a seu espetacular gol em Guillermo Ochoa.
Ele marcou 788 gols. Parece inacreditável. Aos 35 anos, ele ainda tem sonhos. E dos grandes. Sua cabeça está focada no Qatar e não há nada além disso no horizonte, embora o PSG já tenha lhe informado que uma oferta de renovação de contrato o espera assim que ele desembarcar em Paris.
Sua grandeza também está na instabilidade de um fracasso inevitável. Porque você não pode ganhar o tempo todo. Assim, o mundo vai detoná-lo se ele for eliminado antes da final no Qatar, que, possivelmente, é o fim do caminho. Mas, quando esse momento terminar (se a glória não vier, é claro, e por que não), no futuro, ele será amado novamente. Ele vai querer ganhar a Liga dos Campeões com o PSG, vai sonhar com outro Ballon d'Or. Ele esperará que suas últimas temporadas sejam ótimas. Messi voltará a pensar sobre o próximo jogo, o mais importante de todos.