As melhores campanhas de seleções africanas na história da Copa do Mundo

Morocco
(C)Getty Images
Marrocos se tornou a primeira equipe do continente a alcançar a semifinal do Mundial

Foram 21 edições de Copas do Mundo desde 1930, passando por guerras, crises e deixando países marcados na história. Neste ano, mais um Mundial esteve em disputa. E a edição de 2022 marcou a maior campanha da história por uma seleção africana: o Marrocos, quarto colocado.

Muitas seleções da África fizeram campanhas impressionantes ao longo dos torneios internacionais. Mas ninguém nunca havia alcançado as semifinais. Pelo menos, até Hakimi, Ziyech, Amrabat e cia. colocarem o seu continente entre os quatro melhores no Qatar.

Não se imaginava que Hakimi cobraria o pênalti da classificação marroquina para as quartas com uma cavadinha no meio do gol espanhol. Muito menos que o goleiro Yassine Bounou iria acertar o canto das três cobranças rivais e pegar duas delas (a primeira bateu na trave, mas o atleta estava muito bem posicionado). Ou que Youssef En-Nesyri cravaria o 1 a 0 em Portugal. A seleção de Marrocos pode até ter caído nas semifinais da Copa para a França, mas conseguiu um feito inédito para africanos.

Yassine Bounou Morocco 2022

Claro, não foi só Marrocos que impressionou como uma equipe africana em Copas. Outras equipes do continente chegaram às quartas. Mas agora a seleção marroquina lidera a lista de melhores campanhas de seleções da África em Mundiais. Veja:

  1. Marrocos - 2022
    Getty

    Marrocos - 2022

    Marrocos fez a melhor campanha africana em Copas. Com os bons desempenhos dos jogadores marroquinos, individualmente e coletivamente, a seleção comandada por Walid Regragui terminou a fase de grupos invicta, passou por duas favoritas na fase final e só foi cair para a França nas semifinais.

    Foram duas vitórias e um empate na primeira fase: um 2 a 0 e um 2 a 1 contra Bélgica e Canadá, respectivamente, além de um confronto sem gols com a Croácia que manteve o Marrocos na primeira posição. Nas oitavas de final, a equipe fez jogo apertado contra a Espanha, num complicado 0 a 0 até o final da prorrogação. A seleção marroquina até tentou abrir o placar, mas as bolas não entraram.

    Nas penalidades, logo na primeira da Espanha, Sarabia bateu na trave e Sabiri converteu para os marroquinos. Na segunda de cada equipe, Ziyech fez e Bounou defendeu a cobrança de Soler.

    Para as terceiras, duas desperdiçadas: Banoun bateu mal e Unai Simón pegou de Marrocos, enquanto o capitão Sergio Busquets não conseguiu evitar que Bounou brilhasse de novo, para agarrar a última da Espanha.

    No final, o ala Hakimi veio para a cobrança que daria a classificação para os marroquinos, caso convertesse. Sem medo nenhum, correu para a bola e cavou, bem rasteiro, no meio do gol, marcando o tento e dançando de frente para os companheiros para comemorar a ida às quartas de final.

    Marrocos seguiu para as quartas de final e mais uma vez surpreendeu o mundo. Youssef En-Nesyri fez o gol do 1 a 0 que eliminou Portugal e tirou de Cristiano Ronaldo a última chance de título mundial.

    Nas semifinais, a esquadra marroquina parou na França. Logo aos três minutos, o voleio de Theo Hernandez colocou a então campeã mundial na frente. Marrocos pressionou, pressionou e pressionou, perdeu chances de empatar, mas viu a seleção francesa aumentar a vantagem com Kolo Muani, após jogada individual de Mbappé. Chegava ao fim o sonho do Marrocos em ser campeã mundial.

    Mesmo assim, o time voltou e fez outra boa partidas contra a Croácia, na disputa de terceiro e quarto lugar. Com a derrota por 2 a 1, terminou na quarta colocação e com o 'peso' de ser o melhor africano da história das Copas.

  2. Camarões - 1990
    Getty

    Camarões - 1990

    Na primeira vez em que uma seleção africana chegou às quartas de final, nada podia ter sido tão marcante quanto a equipe de Camarões.

    Os camaroneses caíram logo no Grupo A, da seleção sede e futuramente finalista, Argentina. Não que essa questão tenha abalado a equipe comandada na época pelo russo Valeriy Nepomnyashchiy, que venceu os "donos da casa" por 1 a 0 e com dois jogadores a menos, André Kana-Biyik e Benjamin Massing, expulsos durante o embate.

    Nas partidas seguintes pela fase de grupos, Camarões venceu a Romênia por 2 a 1 e foi derrotado para a União Soviética, por uma goleada de 4 a 0, ficando na primeira posição e avançando às oitavas de final. Contra a Colômbia de Carlos Valderrama, Freddy Rincón e René Higuita, os gols da partida saíram apenas depois dos 100 minutos de jogo.

    Camarões abriu 2 a 0 com dois de Roger Milla, o camisa 9 que ficou marcado na história por sua dança na bandeirinha de escanteio. Aos 116, os colombianos ainda diminuíram com Bernardo Redín, mas já era tarde demais, e Camarões avançava às quartas.

    O embate contra a Inglaterra no antepenúltimo embate da Copa de 1990 foi extremamente equilibrado. As duas equipes perderam vários gols e os goleiros Thomas N'Kono e Peter Shilton não pararam de trabalhar. A partida terminava empatada em 2 a 2 até os minutos finais do primeiro tempo de prorrogação, quando os ingleses sofreram um pênalti e Gary Lineker converteu.

    O jogo correu até os 120 minutos, mas os camaroneses só conseguiram se manter até as quartas de final. A história, porém, não se apaga e a equipe africana fica marcada como a primeira a realizar uma campanha tão boa ao longo dos Mundiais.

  3. Senegal - 2002
    Getty Images.

    Senegal - 2002

    No ano do penta do Brasil, outras situações marcaram a história das Copas: além de Coreia do Sul e Turquia terem sido semifinalistas, Senegal chegou às quartas e acabou sendo derrota pelos turcos, terceiros colocados naquele Mundial.

    Senegal ficou no Grupo A, assim como Camarões em 1990. E novamente os africanos saíram vitoriosos do primeiro embate: 1 a 0 para os senegaleses sobre a França, com gol de Papa Bouba Diop. E essa foi a única vitória da equipe na primeira fase, já que empataram em 1 a 1 com a Dinamarca e em 3 a 3 com os uruguaios.

    No fim, a equipe do camisa 6 Aliou Cissé, atual treinador de Senegal, se classificou e foi às oitavas para enfrentar a Suécia de Larsson e Ibrahimovic, por incrível que pareça, que na época tinha apenas 21 anos. Os suecos abriram o placar logo aos 11 minutos, para complicar a vida senegalesa, que só foram chegar ao empate aos 37, com Henri Camara.

    O 2 a 1 de Senegal chegou com 104 minutos de partida, novamente com Camara, e os jogadores correram para se abraçar enquanto esperavam os momentos finais. Nas quartas, acabaram contra a forte geração turca, que chegou perto do gol várias vezes, mas só anotou o tento da vitória aos 94 minutos, com Ílhan Mansiz. Placar final: 1 a 0 para a Turquia e a equipe senegalesa fora do torneio.

  4. Gana - 2010

    Gana - 2010

    O mais recente feito africano em Copas, antes de Marrocos, havia sido de Gana, quando chegaram às quartas de final no torneio da África do Sul. No Grupo D, jogaram contra Sérvia, Austrália e Alemanha, conquistando uma vitória, um empate e uma derrota, respectivamente, mas que foi o necessário para levá-los às oitavas.

    Novamente, Gana puxou a linha das prorrogações e acabou indo para os 120 minutos de jogo contra os Estados Unidos. Os africanos haviam aberto o placar com Boateng, aos 5. Aos 62, os norte-americanos empataram com Donovan, e seguraram o resultado para além da uma hora e meia de confronto.

    Logo no início da prorrogação, Asamoah Gyan fez o 2 a 1, dominando um longo lançamento no peito e saindo à frente de dois marcadores, chutando forte para dentro das redes defendidas por Tim Howard.

    Para as quartas de final, Gana enfrentou o Uruguai, que havia também vencido nas oitavas por 2 a 1, batendo os sul-coreanos. Sulley Muntari abriu os gols com, inclusive, um lindo tento, chutando de muito longe em bola que entrou no canto esquerdo de Fernando Muslera. Apenas 10 minutos depois, aos 55, Forlán empatou de falta.

    O jogo caminhava para os momentos finais, de novo na prorrogação. No último minuto da partida, um jovem de 23 anos salvou o Uruguai de sofrer dois gols: primeiro, colocou a perna e tirou de cima da linha um chute do camisa 10 Stephen Appiah; depois, no rebote do mesmo lance, um cabeceio de Dominic Adiyiah com as mãos. Esse garoto era Luis Alberto Suárez.

    Como o lance tirou o gol de Gana, com toque de mão proposital do atleta dentro da área, Suárez foi expulso e assistiu Gyan cobrar o pênalti para Gana no corredor à caminho do vestiário. O camisa 3, atacante ganês, bateu com muita força e a bola explodiu no travessão no que foi o último lance da prorrogação.

    Nas penalidades, Gyan converteu o dele, e com o placar em 3 a 2, Mensah desperdiçou e deu a vantagem para os uruguaios. Adiyiah também acabou perdendo para Gana, e "Loco" Abreu fez o último de cavadinha para colocar o Uruguai na semifinal da Copa de 2010 e tirar os ganeses.